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Pesquisa da Univali comprova que a erva-mate faz bem à saúde
Poucas pesquisas são realizadas no mundo a respeito da erva-mate, mas a sua utilização é antiga e remete aos tempos da colonização da América do Sul no século 16, quando os soldados espanhóis aprenderam a apreciá-la por meio dos índios Guarany. Os historiadores contam que os colonizadores, acostumados a ingerir álcool até a exaustão, sofriam com tremendas ressacas, curadas pelo efeito da erva, que ativava o fígado e auxiliava na cura do mal-estar. Preocupados em aumentar a gama de pesquisas sobre o tema, alunos do 6º período de Nutrição da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), supervisionados pela doutora em Ciência dos Alimentos, Sandra Soares Melo, desenvolveram o trabalho “Efeito da Erva Mate em Ratos Induzidos à Hipercolesterolemia”.
Numa pesquisa que durou 35 dias, foram estudados 36 ratos adultos, da raça Wistar, que possuem características fisiológicas parecidas com as do ser humano. Os resultados obtidos sugerem uma tendência à perda de peso e gordura no fígado, aumento da taxa de HDL (bom colesterol) no sangue e diminuição da taxa de glicemia - um vilão na vida dos diabéticos. Com isso, o primeiro estudo conclui que a erva mate pode ter um papel cardioprotetor, com maior efeito se aumentado à concentração e o tempo de ingestão. No entanto, como há uma escassez de pesquisas científicas na área, outros trabalhos devem ser desenvolvidos em comparação aos já existentes. Em relação às taxas de LDL (mau colesterol) e colesterol total, não ocorreram reduções.
Segundo a professora de Nutrição Experimental, Sandra Melo, um dos efeitos benéficos constatados na pesquisa (perda de peso) se deve à relação da substância cafeína, que promove o efeito lipolítico - uma espécie de quebra de gordura -, além de elevar o gasto de energia pelo organismo. “O resultado é uma boa notícia para os apreciadores da erva-mate. No Brasil, a média anual de ingestão é de 1,2 quilo por pessoa. Como a tradição de tomar chimarrão e tererê é mais forte nos Estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, tem gente que bebe isso em uma semana”, explica a professora, que lembra ainda que, no Brasil, uma em cada cinco pessoas possui colesterol elevado, de acordo com dados de 2005 da Sociedade Brasileira de Cardiologia. As enfermidades cardiovasculares constituem a primeira causa de morte no mundo.
Na pesquisa, os ratos foram divididos em seis grupos, dos quais uma parte recebeu uma dieta rica em gorduras (banha de porco ou gordura vegetal hidrogenada - a mesma utilizada na margarina) e depois tiveram tratamento da hipercolesterolemia à base de chá de erva-mate, aquecida a 80ºC, no preparo, e resfriada, até a temperatura ambiente, para consumo. A concentração adotada, proporcionalmente ao peso, foi de 110 gramas de erva por mil mililitros de água destilada. O tratamento com a erva durou 21 dias. Outros grupos ingeriram ou só água; erva-mate; água e banha; ou água e gordura vegetal hidrogenada. A porcentagem de gordura consumida diariamente chegou a 10% de banha e gordura vegetal, com acréscimo de 1% de colesterol sintético padrão.
Alunos e professores coletaram, no experimento, dados de peso corporal, consumo alimentar, ingestão hídrica e de erva-mate, excreções urinária e fecal. Ao final, a análise das determinações de concentração baseou-se na coleta de fígado e sangue. Apesar dos resultados serem favoráveis ao consumo da erva-mate, a professora Sandra observa que a forma como é realizada a ingestão pode não ser a ideal para a saúde humana. No caso do chimarrão, a bebida é consumida quente numa temperatura média de 80ºC. “A população do Rio Grande do Sul, que é campeã em beber chimarrão, também lidera o índice de incidência de câncer de esôfago no país. O principal motivo é o costume de tomar chimarrão em temperaturas fora do recomendável”, afirma.
A pesquisa “Efeito da Erva Mate em Ratos Induzidos à Hipercolesterolemia” foi premiada com o terceiro lugar no 2º Seminário de Atualização em Nutrição – Atuação em Unidades Produtoras de Refeições, promovida pela Univali, em agosto, no campus de Balneário Camboriú. Os alunos e professores vão lançar, ainda neste semestre, um livro com receitas de como preparar a erva-mate para consumo. O trabalho contou também com a orientação do professor Nilo Iracet Nunes, mestre em Nutrição, e com a participação do técnico de Laboratório de Nutrição Experimental (Lanex) Marcelo Wippel da Silva.

Disponível em: http://www.jornaltribuna.com.br/saude.php?id_materia=16800
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